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O Círculo de Construção de Paz nas escolas: etapas, habilidades trabalhadas e hipóteses de utilização

17/3/2022

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Por Maria Regina Bianco Dourado 
Dando sequência ao artigo publicado em 21/10/21, neste mesmo site do Instituto Mediapaz, falaremos sobre as etapas do Círculo de Construção de Paz e as habilidades trabalhadas, bem como as diversas situações em que sua utilização poderá ocorrer no cotidiano escolar.
No texto anterior ressaltamos a importância de disponibilizar nas escolas o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, além de criar espaços que propiciem o exercício frequente e regular do diálogo.
O Círculo de Construção de Paz apresenta-se como uma ferramenta de extrema utilidade para as escolas, sendo um “processo estruturado para organizar a comunicação em grupo, a construção de relacionamentos, tomada de decisões e resolução de conflitos de forma eficiente”¹. O Círculo possui alto potencial para o desenvolvimento pleno do indivíduo, por possibilitar a construção e o fortalecimento de relacionamentos, além da melhoria da convivência, criando um clima escolar saudável e uma conexão que pode ser traduzida no sentido de vinculação, de pertencimento e de cuidado, com repercussões no aprendizado global, tanto a nível social quanto cognitivo. O Círculo, portanto, possui caráter pedagógico.
O Círculo de Construção de Paz inicia-se pela cerimônia de abertura, que marca a presença integral dos participantes em um espaço diferenciado de diálogo. Nessa etapa, trabalha-se o foco e a concentração, altamente benéficos na contemporaneidade, em que as pessoas estão dispersas em meio a uma avalanche de informações inadequadamente processadas. Por outro lado, a configuração do Círculo, aliada ao cerimonial de abertura, ajuda a distensionar, segundo entendimento do professor Guilherme Nogueira, que analisou os Círculos de Construção de Paz à luz da neurociência: “Ao retirar a tensão das pessoas, atenua-se o nível de estresse e abre-se o canal de observação, de comunicação e da qualidade de responsividade comportamental, propiciando, ainda, a flexibilidade cognitiva”².
Nas etapas de valores e diretrizes, exercita-se a noção de consenso, de participação, de confiança e de colaboração. Nas rodadas de contação de histórias, os participantes têm a oportunidade de identificar e lidar com sentimentos e emoções e desenvolver a empatia, reflexão, compreensão e conexão.
Quando o Círculo tomar decisões, essa etapa desenvolve a capacidade de construir soluções, resolver problemas, partilhar responsabilidade e desenvolver a criatividade.
E a cerimônia de encerramento simboliza o fechamento do Círculo e destina-se ao reconhecimento dos esforços nele obtidos, à afirmação da interconectividade dos participantes, gerando um sentido de esperança para o futuro e preparando os participantes para retornarem ao espaço comum de suas vidas. 
Além disso, no decorrer de todo o processo circular, os participantes têm igual oportunidade de ouvir e de serem ouvidos. O objeto da palavra chegará a todos no Círculo, sem distinção. Temos aqui o exercício das habilidades da escuta, da igualdade, da paciência, do respeito e do autocontrole. Desenvolvem-se, ainda, os sentimentos de pertencimento e de reconhecimento ao legitimar e validar a fala de todos. O Círculo também trabalha na construção de relacionamentos mediante o exercício da convivência, da cooperação, da partilha de poder, significando um verdadeiro aprendizado social. Todas essas habilidades estão em consonância com a Base Nacional Comum Curricular.
São inúmeras as hipóteses de aplicação do “Círculo de Construção de Paz”, destacando-se as seguintes situações: estimular a conversa sobre variados temas, fortalecer vínculos, identificar fontes de apoio, tomar decisões (muito útil para reuniões de gestores, docentes e alunos, reuniões de pais, reuniões de Grêmios estudantis e Conselhos de Escola, entre outros), definir metas, projetos e atividades, fixar valores e combinados em salas de aula, celebrações, trabalhar conteúdos pedagógicos e, por fim, tratar de conflitos em geral. Estas são apenas algumas possibilidades. Um ponto a ser ressaltado é que o Círculo deve ser conduzido por um facilitador capacitado.
Cada escola deverá encontrar a maneira mais adequada para utilizar o Círculo no seu contexto. A incorporação dessa potente ferramenta pode se dar de forma gradual, através de círculos de sensibilização, para apresentar a ferramenta a todos os membros da comunidade escolar. O fundamental, todavia, é praticá-lo com regularidade, a fim de que possam ser auferidos todos os benefícios que o processo circular proporciona.

¹ BOYES-WATSON, Carolyn; PRANIS, Kay. No coração da Esperança-Guia de Práticas Circulares. Tradução de Fátima De Bastiani. Rio Grande do Sul: Escola Superior da Magistratura da AJURIS, 2011. p.35
² BIANCO DOURADO, Maria Regina. “Processos Circulares no Contexto Escolar”. In: SOARES, Ângela Mathylde; FELIPETTO, Silvana Cordeiro (Orgs.), Tratado de Mediação de Conflitos Escolares, Rio de Janeiro. Editora Wak. 2021. p.132 
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BIANCO DOURADO, Maria Regina. “Processos Circulares no Contexto Escolar”. In: SOARES, Ângela Mathylde; FELIPETTO, Silvana Cordeiro (Orgs.). Tratado de Mediação de Conflitos Escolares. Rio de Janeiro. Editora WAK, 2021
BOYES-WATSON, Carolyn; PRANIS, Kay. No coração da Esperança-Guia de Práticas Circulares. Tradução de Fátima De Bastiani. Rio Grande do Sul: Escola Superior da Magistratura da AJURIS, 2011
PRANIS, Kay- Processos Circulares de construção de paz. São Paulo: Editora Palas Athena, 2019 
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